I.L.H.A. – Interesses Levemente Hostis para o Amanhã

Sinopse

No meio de um jardim de relva artificial, dois seres humanos de carne e osso descobrem e experimentam, repetida e alternadamente, o exercício de poder sobre o outro. Pela ausência de diálogo, os conflitos que surgem rapidamente escalam de intensidade, levando estes dois exemplares da espécie humana a situações-limite, onde a necessidade individual de sobrevivência se sobrepõe à possibilidade da vida em comum. Que mais lhes restará para construir o amanhã neste mundo partido ao meio?

 

O dia em que a Ideologia deixou de ter sentido

O mundo em que nos movemos está partido, e há muito tempo. A nossa capacidade de diálogo perde terreno, todos os dias, para a defesa cega de posições extremas. Assistimos em primeira mão, aos efeitos destes extremismos que hoje despontam por todo o globo: tremendos recuos em matéria de direitos civis, aumentos brutais de ações repressivas e doutrinárias, descrença generalizada na competência da classe política, remilitarização vertiginosa das relações internacionais, legitimação democrática de pensamentos, instrumentos e sistemas de ordem social que desvalorizam a vida humana, etc.

Vivemos tempos de exceção, onde o exercício de poder se alia impune e diariamente à globalização-a-todo-o-custo, à incontestabilidade das tomadas de posição, à teimosia gratuita, ao egoísmo humano, e à violência como linguagem: não fora esta a realidade em que nos movemos, e este panorama seria risível, para não dizer ridículo.

I.L.H.A. – Ideias Levemente Hostis sobre o Amanhã é uma comédia, mas não é uma paródia gratuita sobre o momento atual. A premissa-base do enredo, dois seres humanos que têm de se relacionar entre si, e que por isso exercem alternadamente o poder sobre o outro, é que oferece o chão para que o cómico surja – e é nossa intenção que, ao surgir, ele o faça afiado e inquietante como nunca.

Não é da nossa responsabilidade, enquanto artistas, dar lições de moral a quem quer que seja, nem oferecer soluções para as grandes questões que afligem o mundo. Mas é da nossa responsabilidade debruçarmo-nos sobre essas mesmas questões, tratá-las artisticamente e devolvê-las ao público. E isso em última análise significa estimular o desenvolvimento do pensamento crítico, numa conjuntura em que este é atacado, desvalorizado e cada vez mais, reprimido.

Temos perfeita consciência de que, no palco, não nos cabe tomar posições: mas trabalhamos no palco com a consciência de que hoje caminhamos a passos largos para uma polarização social extrema. Uma polarização que não nos serve enquanto espécie solidária e que, queiramos ou não, anuncia, para valores como os que hoje conhecemos de liberdade, igualdade e fraternidade, um tremendo amanhã, fortemente hostil.

Vemo-lo no comportamento egotista de grande parte dos nossos líderes mundiais; vemo-lo no ressurgimento do fantasma do fascismo nos discursos de redes sociais; vemo-lo na frustração diária que abala a consciência do cidadão comum até ao ponto deste aceitar, sem reservas, aquilo que se anuncia como “a morte da ideologia”; vemo-lo como inevitável, e preparamo-nos para o pior. Esperar pelo melhor é agora a ideologia possível, ainda que levemente hostil, sobre o nosso amanhã.

Hugo Inácio, Pedro Lamas e Telmo Ferreira

  

Ficha Técnica e Artística

Título: I.L.H.A. – Ideias Levemente Hostis sobre o Amanhã

Conceção e Interpretação: Hugo Inácio e Telmo Ferreira

Direção: Pedro Lamas

Colaboração na Direção e Teatro Físico: Ángel Fragua

Cenografia e Figurinos: Filipa Malva

Desenho de Luz: Jonathan Azevedo

Fotografia: Carlos Gomes

Direção de Produção: Ana Bárbara Queirós

Imagem: António Pedro

Classificação etária: M/12

Produção: Trincheira Teatro 2018

 

Quem é Quem

TRINCHEIRA TEATRO é um coletivo de teatro de Coimbra, formado em 2014 por um grupo de profissionais de Teatro e Educação, com vista à montagem do espetáculo À DIREITA DE DEUS PAI, uma desgarrada em dois atos, no âmbito da Plataforma T2 do Teatrão. Em outubro desse ano, o grupo fundou a TRIBOBASTIDOR– Associação Cultural e Recreativa, no seguimento das discussões e reflexões que despontaram sobre o panorama teatral nacional, sobre as condições laborais que assolam os profissionais do teatro, e sobre como as dinâmicas do teatro podem gerar desenvolvimento local. Neste momento a associação conta com cerca de duas dezenas de profissionais associados, que, pela sua herança formativa comum [Licenciatura em Teatro e Educação da Escola Superior de Educação de Coimbra], se perfilam como artistas-pedagogos: profissionais do Teatro detentores de saber específico na sua área de trabalho e capazes da transmissão objetiva desse saber. A intenção da Trincheira é intervir ativamente na região Centro como uma estrutura capaz de buscar e propor trabalho parceiro com outros agentes de comprovado mérito e experiência no terreno, de modo a potenciar três eixos nucleares de ação: a produção, a pedagogia e a investigação teatrais.

DRA/MAT é um núcleo da Trincheira Teatro criado pelos atores Hugo Inácio, Telmo Ferreira e Diogo Binnema em 2015. A sua primeira produção, Os Enigmas de Bagdad, a partir do livro O Homem que Sabia Contar de Malba Tahan (Júlio César de Mello e Souza) e com dramaturgia e coordenação de Antonio Mercado, explorava a relação entre o teatro e a matemática e, com o apoio da Associação de Professores de Matemática, correu inúmeras salas de aula do país. Desde então que o núcleo se dedica à conceção e produção de espetáculos para itinerância, apostando na comédia física como linguagem preferencial, como é o caso das criações Caminho Marítimo para a Desgraça (2016) e Houston, We Have a Problem (2017), esta última concebida no âmbito do Imaginarius – Festival Internacional de Teatro de Rua de Santa Maria da Feira.

ANA BÁRBARA QUEIRÓS Atriz. Licenciada em Teatro e Educação na Escola Superior de Educação de Coimbra (2009-2012). Colaborou vários anos com a Companhia de teatro O Teatrão onde participou como atriz em várias produções, desenvolveu trabalho de professora de expressão dramática e produtora. Integrou em 2015 o coletivo de atores Trincheira Teatro onde tem vindo a desenvolver trabalho regular. Encenou o concerto “Via Crucis” de Franz Liszt estreado em 2016 pelo Orfeon de Coimbra. Em 2017 idealizou e produziu o espetáculo “Triste Sina de Uma Coisa Feliz” (Trincheira Teatro). Em 2018 assumiu a direção de produção de “Sofia, Meu Amor!” (Trincheira Teatro).

ÁNGEL FRAGUA nasce em Madrid no mesmo ano que Cameron Diaz, Gwyneth Paltrow, Eminen ou Catarina Furtado. Inicia os seus estudos teatrais em 1989 percorrendo diferentes escolas até 1996. Tenta, durante dois anos, entrar na Real Escuela Superior de Arte Dramático de Madrid, mas como tem dificuldade para falar em público, não passa as entrevistas e não é aceite. Durante este tempo participa como actor e encenador em diferentes grupos amadores e profissionais. O seu tempo de glória chega entre 1997 e 1999 a trabalhar na companhia YLLANA, onde faz espectáculos de humor sem palavras na Alemanha, Suíça, França, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, São Salvador e também em Tondela, Portugal. Em 2000 cria a companhia A Trancas y Barrancas e viaja para Portugal para apresentar o espectáculo VERTI-DOS. Em 2001 decide ficar em Portugal. Trabalha na Jangada Teatro até 2003. Em 2004 funda a Peripécia Teatro junto com Noelia Domínguez e Sérgio Agostinho. A Peripécia cria espectáculos originais que são apresentados em diferentes Teatros e Festivais de Portugal, Espanha, Brasil e Argentina. Em 2017 Ángel continua no caminho disponível para apanhar boleia para uma próxima aventura.

 

CARLOS GOMES Licenciado em Artes Plásticas pela ARCA–EUAC, Escola Universitária das Artes de Coimbra. Foi docente de Artes Visuais entre 1998 e 2012.Desde os anos de formação académica que dedica grande parte do seu tempo à fotografia enquanto linguagem e discurso artístico no território da fotografia conceptual. Participa em vários cursos de fotografia, de onde se destacam os cursos da EIF(E), “Fotografia de Espetáculo”(2013-14) e “Memória e Imaginação” (2014-15). A partir de Abril de 2013, dedica-se exclusivamente à fotografia. Fotógrafo de cena das companhias de teatro “O Teatrão”, e Trincheira Teatro, colaborando com outras companhias pontualmente. Foi Membro do colectivo de fotógrafos “The Portfolio Project”. Um dos dinamizadores do Photobook Club Coimbra nas edições de 2013 e 2014. Participação em projetos de autor, quer coletivos quer individuais da EIF, Escola Informal de Fotografia e do TPP, The Portfolio Project.

FILIPA MALVA Cenógrafa e arquiteta. É doutorada em Estudos Artísticos pela Universidade de Coimbra e Mestre em Espaço de Performance pela Universidade de Kent. Tem desenvolvido trabalho regular como cenógrafa, figurinista, artista cénica e desenhadora. Nos últimos quatro anos tem sido responsável pela cenografia e figurinos d’ O Teatrão, da Trincheira Teatro, da Casa da Esquina, dos Macadame, dos Cornalusa, do GEFAC e da Cooperativa Bonifrates, entre outros. É membro fundador da Associação Portuguesa de Cenografia e bolseira de Pós-Doutoramento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

HUGO INÁCIO Ator, licenciado em Teatro e Educação pela ESEC - Escola Superior de Educação de Coimbra. Durante o percurso académico trabalhou com António Fonseca, António Mercado e Clóvis Levi em várias produções e leituras encenadas. Estagiou na companhia profissional Leirena Teatro entre 2013 e 2014. Em 2015 trabalhou com o Teatro Studio Maschera – Spinea, Itália. Nos últimos anos tem tido colaborações regulares com a Casa da Esquina e com a Trincheira Teatro.

JONATHAN AZEVEDO Nasceu em 1978, no estado de Connecticut (Estados Unidos da América), e formou-se como ator, em 2001, na Universidade de Vermont. Ainda em 2001, vem para Portugal para desenvolver uma paixão, já desperta, na área da iluminação de espetáculos de teatro. Trabalhou, desde então, com encenadores como João Mota, Marco Antonio Rodrigues, Antonio Mercado, Ricardo Correia, Leonor Barata, entre outros. Em 2011, concluiu o Mestrado de Teatro em Design de Luz na Escola Superior de Música e Artes de Espectáculo. Pertence ao corpo docente da Escola Superior de Educação de Coimbra, onde leciona a disciplina de Técnicas de Cena do Curso de Teatro e Educação. Nos anos 2012 e 2013 também representou a equipa portuguesa da parte do Teatro Académico Gil Vicente, participando no projecto internacional École de Maitres, no papel de Director Técnico. Como designer de luz fez parte da equipa do Convento de São Francisco em Coimbra, e. atualmente é Diretor Técnico do Teatrão. Colabora com a Trincheira Teatro desde a sua fundação.

PEDRO LAMAS é ator e professor de teatro. Tem a licenciatura em Teatro e Educação pela Escola Superior de Educação de Coimbra (2006). Trabalhou com os encenadores João Brites (Teatro O Bando), João Paiva (Trincheira Teatro), Jorge Silva Melo (Artistas Unidos), Luis Miguel Cintra, Christine Laurent (Teatro da Cornucópia), Antonio Mercado, Marco Antonio Rodrigues, Ricardo Correia, Isabel Craveiro, Deolindo Pessoa, (O Teatrão), Mário Montenegro (marionet), Renata Portas (Público Reservado), Norberto Barroca (Teatro Experimental do Porto) e Lígia Lebreiro (Cia. Persona). Dirigiu os espetáculos Sofia, Meu Amor!, Triste Sina de Uma Coisa Feliz e À Direita de Deus Pai (Trincheira Teatro) e Eu sou o Outro (Teatro em Caixa). É sócio fundador da Trincheira Teatro e sócio nº 887 do CENA-STE. 

TELMO FERREIRA Ator licenciado em Teatro e Educação pela ESEC - Escola Superior de Educação de Coimbra, onde atualmente desenvolve o projeto de Mestrado em Educação Especial (Domínio Cognitivo e Motor). Divide a sua área de intervenção em três grandes diretrizes: trabalho artístico como ator e criador, trabalho educativo com público geral ou com deficiência e projetos de intervenção teatral nas mais variadas comunidades. Colabora com a Trincheira Teatro desde a sua formação já tendo participado em três das suas produções.



 

 

 

 




Início 16-11-2018 21:30
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